quinta-feira, 25 de junho de 2015

Patriarcas e Matriarcas dos Tempos Bíblicos: Os Primórdios do Povo de Deus

Por Marcelo Oliveira de Oliveira

Nas Sagradas Escrituras, algumas personagens se destacam pelo exemplo de fidelidade a Deus, de amor e compromisso pela própria comunidade ― no caso do Antigo Testamento, o amor deles pela família nuclear e, posteriormente, pelo clã[1]. Normalmente, elas se destacam como homens, e somente lembramos o aspecto masculino dessas personagens nômades, esquecendo-nos de que, igualmente, as mulheres desempenharam um papel importante junto ao povo de Deus e para a história política, social e religiosa de Israel e, principalmente: para a Igreja. Me refiro aos patriarcas e as matriarcas dos tempos bíblicos: Abraão e Sara; Isaque e Rebeca; Jacó e Raquel.

As narrativas bíblicas desses patriarcas e matriarcas estão nos capítulos 12 a 50 do primeiro livro da Bíblia, o Gênesis. Em teologia, os estudiosos classificam “narrativas patriarcais” às histórias dos três casais, que juntamente com os seus filhos, formam a pré-história da nação de Israel. Antes de a nação tomar posse da terra de Canaã, havia memórias, histórias com base na oralidade do povo ancestral daquela geração que conquistou Canaã, contadas pelos ancestrais e reunidas por um autor[2] a fim de formar a história tribal mais antiga do povo de Israel; antes mesmo de começar a viver como tribos na antiga Palestina.

Então o que representava os principais patriarcas e matriarcas dos tempos bíblicos?

1. Abraão e Sara. O nome Abraão significa “pai de uma multidão”. Em Cristo ele é o nosso pai na fé (Gl 3.6-9). É com Abraão que se inicia a história da salvação da reconciliação de Deus com o mundo todo: a história da salvação. Exemplo de fidelidade a Deus, Abraão partiu para uma terra desconhecida crendo na promessa. Sua grande prova de fé foi a entrega de seu filho para ser sacrificado. Sua esposa Sara (cujo nome significa princesa) é a mãe de uma multidão que também disse sim a promessa de Deus, que em Cristo é a nossa mãe na fé.

2. Isaque e Rebeca. Isaque significa “Deus ri”. Filho de Abraão e Sara, quase foi sacrificado pelo pai. No final de sua vida foi enganado pela sua esposa, Rebeca, e por seu filho, Jacó, em troca da bênção da primogenitura. Rebeca lutara por Jacó, Isaque, por Esaú: nações divididas dentro de casa.

3. Jacó e Raquel. O nome de Jacó significa “malandro”. Entretanto, no sul da Arábia e na Etiópia significa “que Deus proteja”.[3] Filho de Isaque e Rebeca, teria o nome de “malandro” devido o roubo da primogenitura do seu irmão, Esaú. Mais tarde recebe o nome de “Israel”. A partir de Israel, por intermédio dos seus doze filhos, começa a se “rascunhar” o projeto de povo e nação. A fidelidade de Israel a Deus, embora passando por provações, aponta para o nascimento de um povo. Jacó amava a sua esposa Raquel: a nação de Israel chorou sua morte e morte dos seus filhos por séculos.

Sobre esse trio de casais patriarcais e matriarcais, a carta aos Hebreus traz uma concepção de fé intrigante, na contramão do que popularmente se entende por resultados da fé no mundo evangélico:

Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas, mas, vendo-as de longe, e crendo nelas, e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra” (11.13).

Paz e Bem!


[1] No aspecto antropológico, é o conjunto de famílias que se presumem ou são descendentes de ancestrais comuns.
[2] Os mais recentes estudos, embasados na teoria das fontes, formando uma tradição literária nos cinco primeiros livros da Bíblia (o Pentateuco), apontam quatro fontes principais presentes no texto contemporâneo do Pentateuco: a eloísta, a javista, a sacerdotal e a deuteronomista. (Para conhecer mais sobre essa tradição literária clique em As Tradições Orais do Pentateuco ― o texto é um trabalho de pesquisa apresentado à cadeira Antigo Testamento I da FATER - Faculdade de Teologia e Ciências Sociais do Recife ).
[3] Dicionário Bíblico Wycliffe, CPAD, p.1004.

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