terça-feira, 8 de janeiro de 2013

REFLEXÃO DA TEOLOGIA CONTEMPORÂNEA: SOBRE A MONOPOLIZAÇÃO DA REIVINDICAÇÃO PROFÉTICA


"Quando nós, religiosos, discutimos sobre nossa identidade, podemos estar certos de que o adjetivo 'profético' não tardará a ser posto sobre a mesa. Nossos votos encontram-se em tamanha contradição com os valores da nossa sociedade, que é correto falar deles como de uma profecia do Reino. A exortação apóstolica Vita consecrata emprega essa palavra. Fico satisfeitíssimo quando alguém nos atribui esse adjetivo, porém mantenho-me reticente quando ouço os religiosos reivindicarem-no para si. Isso pode conter um tom de arrogância: 'Os profetas somos nós!' Com frequencia, não o sabemos. E tenho a impressão de que os verdadeiros profetas duvidariam em atribuir-se esse título. Tal como Amós, tendem a rejeitar tal pretensão, dizendo: 'Eu não sou profeta nem filho de profeta'. Prefiro pensar que somos aqueles que deixam atrás de si os sinais normais de identidade."

Fonte: RADCLIFFE, Timothy apud. QUEIRUGA, Andrés Torres. Pelo Deus do Mundo no Mundo de Deus: Sobre a essência da vida religiosa. 1.ed. São Paulo: Edições Loyola, 2003, p.15.