sexta-feira, 3 de novembro de 2017

LIÇÃO 6 - A ABRAGÊNCIA UNIVERSAL DA SALVAÇÃO / SUBSÍDIOS LIÇÕES BÍBLICAS

Marcelo Oliveira de Oliveira


            A salvação em Cristo abrange poucas pessoas escolhidas pelo decreto de Deus ou qualquer ser humano que se arrepende de seus pecados e crê no Unigênito Filho do Pai?

            Esta lição retoma uma discussão de séculos, que no lugar de origem dela se encontra superada, mas floresceu aqui no Brasil. Em primeiro lugar é importante ressaltar que não podemos fazer da boa exposição teológica um campo de batalha e de agressões pessoais, pois quem se compreende tanto arminiano quanto calvinista herdarão o mesmo céu. Entretanto, é verdade que nós, os pentecostais, nos identificamos mais com a teologia clássica arminiana, que infelizmente, e é verdade, encontra-se desconhecida por muitos pentecostais.

Uma teologia que destaca o caráter amoroso, bondoso e justo de Deus           
       Diferente do que muitos propalam, a teologia arminiana não está centrada no livre-arbítrio humano, mas no caráter amoroso e justo de Deus. Segundo o teólogo Roger E. Olson, na obra Teologia Arminiana: Mitos e Realidades, a preocupação primária de Jacó Armínio foi o compromisso com a bondade de Deus, sendo Jesus Cristo a maior e a melhor prova de que o caráter do Criador foi revelado nas Escrituras como compassivo, misericordioso, amável e justo. Ora, a epístola de Paulo aos Colossensses diz que em Cristo “habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9). De modo que um dos Evangelhos narra essa mesma verdade da carta paulina, pronunciada e confirmada pelo próprio Senhor Jesus (Jo 12.44,45; cf; Jo 14.9-14). Por isso, como Roger Olson, podemos afirmar objetivamente sobre Armínio: “Sua teologia é cristocêntrica”. Sim, é uma teologia que enaltece o nosso Senhor Jesus e exalta o Deus Pai Todo-Poderoso.

Uma teologia que destaca a vontade de Deus salvar todas as pessoas
            Baseado nessa compaixão, misericórdia, amor e justiça que o plano salvífico divino, executado por Jesus Cristo, o seu único Filho, proveu salvação ao ser humano. Em Jesus, Deus se mostrou misericordioso, bondoso, amoroso e justo; logo, não haveria o porquê de o Pai enviar o seu Filho, fazê-lo passar pelo processo de crucificação, morte e ressurreição, ordenando os discípulos, após de batizados no Espírito Santo, que proclamassem o Evangelho a toda a criatura (Mc 16.15; cf. At 1.8), tivesse como objetivo salvar um “grupo fechado de pessoas”. A partir dessa ordem estava clara a intenção de Deus, desde a fundação do mundo, de salvar integralmente o ser humano e, com base em sua bondade, amor e justiça, e por intermédio do Espírito Santo, a partir da graça preveniente, dar condição ao ser humano de não resistir a maravilhosa oferta de salvação. Entretanto, o Senhor Jesus deixou patente a responsabilidade humana, e as suas implicações, de rejeitar consciente e deliberadamente a salvação operada por Deus em Cristo Jesus (Jo 3.16-18).  Aqui, o livre-arbítrio na teologia de Armínio torna-se secundário, pois o que se destaca claramente são o amor, a bondade e a justiça de Deus.

Texto publicado, mas levemente adaptado, na revista Ensinador Cristão, nº 72, Editora CPAD, 2017, p.39.