terça-feira, 16 de setembro de 2014

A PENTECOSREFORMA


Marcelo Oliveira de Oliveira

Um culto simples, a pequena igreja cheia do Espírito, de pessoas doutas e incultas, alfabetizadas e analfabetas. Num processo misterioso de simbiose entre o espírito, o coração, e a mente, embora este último fosse ignorado por muitos e em muitas décadas sistematicamente. Mas o Espírito, o Coração e a Mente estavam unos lá marcando e fazendo a história da maior igreja evangélica brasileira.
O tempo passou, se passou, foi passando e passando... Chegou! O tempo em que degrau a degrau a pequenina igreja foi se agigantando e transformou-se na Igreja. Na Igreja da Liturgia. Na Igreja da Burocracia. Na Igreja da Política Eclesiástica. Todavia, a igrejinha continua lá. Na liberdade da sua simplicidade. Sim! E dos seus muitos exageros. Subindo os morros, buscando os drogados, as prostitutas; enquanto que os “intelectuais pentecosreformados” da Igreja Grande, das suas confortáveis poltronas, ficam a dizer o que pode ou não fazer a igreja simples.
“Irmãs do coque”, “não cortam os cabelos por legalismo”, “púlpito não é lugar para analfabetos”; “mulheres sem vaidades oprimidas pelos seus pastores”; “os coronéis legalistas de uma figa” ― dizem os pentecosreformizados supostamente defendendo a liberdade da Graça quando não compreendem que uma cultura não se muda da noite para o dia.
A pessoa simples da igreja simples peregrina pela rua e depara-se com um simples profeta nunca dantes visto, a dizer:

― A tua filhinha está doente. Entrega o meu recado ao meu povo e dela cuidarei!

A pessoa simples imediatamente obedece a voz de que ela entendeu ser a do seu Senhor. No ato da entrega do recado divino, em sua simplicidade, a pessoa simples se alegra no divino Salvador, explode em gloriosa e profusa glossolalia. Pula, canta e dança no Espírito do Senhor.
Mas o caso cai na rede social. A íntima experiência passa a análise pública dos “intelectuais pentecosreformados”. Os cientistas religiosos analisam a experiência alheia como um objeto fenomenológico da experiência religiosa fosse passível de dissecação sob o pressuposto da “Sola Scriptura”.
A fórmula contemporânea do Espírito é assim: Para se glorificar a Deus deve-se falar em língua baixinho, um de cada vez (1 Coríntios 12 e 14 diz que tem de haver ordem e decência). Quem diria! O processo de PentecosReforma, embora incipiente, por trás da tese da “única Teologia que honra a Deus e Humilha o Homem”, vem humilhando centenas de irmãos e irmãs sinceros que tiveram experiências profundas e subjetivas com Deus. De maneira alguma exalta a Deus!
Embora, sem voz, mas sendo a maioria, a igreja simples luta por não perder o bem mais precioso da sua história: a espontaneidade do Espírito e a simplicidade de igreja.
O tempo vai passando, está passando e vai chegando... A PentecosReforma vai chegando e tá chegando...