segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Bento XVI renunciará ao papado

O mundo acordou surpreendido na manhã de hoje. O papa Bento XVI anunciou que no dia 28 de Fevereiro, a partir das 20hs, deixará o cargo mais alto do Vaticano. Uma notícia que atingiu em cheio a organização da Jornada Mundial da Juventude que se realizará na cidade do Rio de Janeiro, no mês de Julho. Alegando problema de saúde física, Bento XVI afirmou não reunir mais condições  normais para enfrentar os grandes compromissos e desgastes de um cargo de dimensões complexas. O Bispo de Roma já dava indício de uma possível renúncia, como por exemplo, numa entrevista a um jornalista alemão, na obra publicada pela editora Paulinas - Luz do Mundo - Bento XVI afirmara que não ficaria no papado se após a um profundo exame de consciência constatasse a sua incompatibilidade física de prosseguir com o cargo. Com essa renúncia, o maior intelectual católico romano denota a necessidade de uma renovação na cúria romana.
O Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempeste, em entrevista a imprensa para informar como a organização da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro vê essa renúncia, também disse que Bento XVI chegou a falar se ele não fosse à Jornada o seu sucessor iria - pois desde 1980 é padrão o papa romano comparecer às todas as Jornadas Mundial da Juventude.
É natural que essa notícia faça sugerir possíveis nomes para a sucessão de Bento XI. Além de bispos latinos-americanos da Colômbia, da Argentina (dois) e do Peru, o nome do brasileiro Dom Odilo Sherer, Arcebispo de São Paulo, é muito bem lembrado. Mas essas especulações não passa disso, especulações. Como dizem os especialista da política no Vaticano: "No conclave, quem entra Papa sai Cardeal".
A renúncia do Papa Bento XVI trás, sem dúvida, muita reflexão para a nossa prática de governo eclesiástico. Perguntas como:
  1. Qual é a hora de um pastor parar? 
  2. O pastorado é vitalício?
  3. Como conciliar a linha tênue "renúncia pastoral" e "saúde da igreja"?

Devem ser respondidas após um sério exame de consciência e honestidade para conosco e as pessoas com quem lidamos. A natureza do cargo pastoral é divina, pois é Deus quem chama e vocaciona. Mas é humana também, pois é preciso saúde física e psicológica para exercê-lo com plenitude e competências físicas e espirituais.

P.S. Numa perspectiva da História Eclesiástica, estamos vivendo um momento histórico. Em toda a história dos papas romanos apenas um renunciou por vontade própria, foi na Idade Média: o Papa Celestino V - 1294. Bento XVI é o segundo Papa em toda a história da igreja romana a renunciar por livre e espontânea vontade. Acho interessante a análise de um especialista em fé e cultura da PUC - SP, quando ele responde a um jornalista sobre como o Papa ficará conhecido na história. Ele diz: "João Paulo II foi o Papa que fechou o ciclo do Modernismo. Bento XVI é quem abriu o ciclo do Pós-Modernismo".  

M.O.O.
Rio de Janeiro, RJ.