sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

QUINTA AULA ESCRITA APRESENTADA AOS PROFESSORES DA ESCOLA DOMINICAL DA AD DE SÃO JOÃO DE MERITI - RJ




POR MARCELO OLIVEIRA DE OLIVEIRA[1]


ESBOÇO DA LIÇÃO

INTRODUÇÃO
I – UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO À QUALIFICAÇÃO
II – UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO AO SERVIÇO
III – UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO À IMPORTÂNCIA TEOLÓGICA
CONCLUSÃO

PONTO CENTRAL
Jesus Cristo é o sacerdote perfeito que executou o mais perfeito sacrifício pela humanidade.

OBJETIVO GERAL
Pontuar o sacerdócio do Senhor Jesus como superior à ordem levítica e que, por isso, Ele teve autoridade para inaugurar uma nova ordem.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I. Demonstrar biblicamente a natureza da superioridade do sacerdócio de Jesus Cristo;
II. Ensinar que o sacerdócio de Cristo foi superior quanto ao serviço;
III. Expressar a importância teológica do sacerdócio do Senhor Jesus.

1. RECAPITULANDO A LIÇÃO ANTERIOR

Na aula passada, o tema que sobressaltou aos olhos foi o contraste do ministério de Jesus em relação ao de Josué, conforme o escritor de Hebreus desenvolveu:

JOSUÉ → Terreno → Temporário → Incompleto
JESUS → Celestial → Eterno → Completo

O esquema acima mostra que o nosso Senhor proveu uma mensagem superior, um descanso superior e uma orientação superior a de Josué. Ao mostrar para a igreja hebreia a superioridade de Jesus, a Palavra de Deus nos convida a receber a mensagem de Cristo com fé, a obedecê-la, a ter um coração contrito, a ter a certeza de um descanso completo e a experimentar o poder vivificante da Palavra. Essas características nos levam a ter a consciência de que precisamos com urgência perseverar na mensagem uma vez recebida de Cristo. Relembrar esse conteúdo é garantir o bom movimento do fio condutor que perpassa o tema ao longo de todo trimestre: perseverança da fé. Não se distraia acerca dessa importância.

2. ITRODUÇÃO À LIÇÃO

Após expor a superioridade de Cristo sobre Moisés e Josué, o escritor de Hebreus passa a mostrar a superioridade de Cristo em relação ao ministério de Arão, e por consequência, toda a ordem levítica estabelecida na Antiga Aliança. Por isso, a lição desta semana tem três aspectos fundamentais: qualificação, serviço e importância teológica. Essas três esferas perpassam a revelação de nosso Senhor como verdadeiro sumo sacerdote conforme atestam estes versículos: “Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hb 4.14-16). Conforme apontado nestes três maravilhosos versículos, nosso Senhor é o sacerdote perfeito por excelência.

3. TÓPICO I
 U
M SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO À QUALIFICAÇÃO

1. Por representar melhor os homens diante de Deus.
a) A escolha do sumo sacerdote era entre os próprios pares (5.1).
b) Nesse aspecto, o argumento do autor de Hebreus segue no princípio de que Cristo é o Deus que humanizou-se entre os homens para tratar os homens.
c) Assim, diferentemente do sacerdócio araônico, só Cristo, por excelência, tem a condição de oferecer a verdadeira oferta a Deus em nosso favor: sua própria vida (4.14-16).

2. Por compreender melhor a condição humana.
a) Tenhamos atenção para a palavra “compadecer-se” (5.2,3). Do grego metriopatheia, e segundo o Dicionário do Novo Testamento Grego de Taylor, a palavra remonta à ideia de “moderação sentida nas paixões, isto é, na ira, na cólera”.
b) O que mostra que o sumo sacerdote sentiria pelo menos dois sentimentos ao oferecer sua oferta a Deus: (1) ira e tristeza pelo pecado praticado pelo povo; (2) misericórdia e compaixão que se manifestam nestas duas expressões usadas pelo comentarista da lição: “condoer-se ou compadecer-se dos ignorantes e errados” (v.2).
c) Para o escritor da epístola, só Cristo Jesus é digno de exercer esse sacerdócio em plenitude e sem cair nos extremos: Só odiar o pecado ou só ter compaixão do pecador.
d) À luz do ministério de Jesus, devemos refletir sobre a questão do exercício disciplinar em nossa igreja local.
3. Pela posição que exerceu.
a) O sumo sacerdote era diretamente chamado por Deus no Antigo Testamento (5.4).
b) A palavra “honra”, aqui, tem o sentido de cargo ou posição. Sim, a ideia é destacar  quão honroso e importante era o ministério sacerdotal conforme estabelecido por Deus em Israel.
c) Arão e seus filhos foram o núcleo escolhido para exercer tão nobre missão sumo-sacerdotal (Êx 28.1; Sl 105.26).  
d) Mas nosso Senhor era em tudo superior quanto a qualificação de seu ministério, tendo em vista, que o Senhor Jesus não foi separado na Terra para executar sua tarefa, mas enviado diretamente do próprio Deus para cumprir a missão de salvar os homens de seus pecados.

Síntese do tópico: Não há, e nunca houve no mundo, alguém que represente melhor o ser humano diante de Deus que nosso Senhor Jesus. Ele conhece a verdadeira condição humana porque imergiu nela a fim de dar a devida solução para suas mazelas. Por isso o ministério de Jesus é superior em qualificação ao ministério de Arão e da Ordem Levítica.

4. TÓPICO II
 UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO AO SERVIÇO

1. Pela realeza e o propósito pelo qual viveu.
a) Os Salmos 2.7 e 110.4 fazem a devida fundamentação acerca da filiação divina e da realeza do sacerdócio de Jesus.
b) Devemos ressaltar que o Messias que os judeus aguardam até hoje é de natureza político-religiosa.
c) Entretanto, segundo os dois salmos, Jesus é o Messias que os cristãos reconhecem como o Filho de Deus, divino, não somente humano; eterno, não finito.
d) Todavia, é importante esclarecer que o “messianismo” de Cristo tem sim um caráter de manifestação político-religiosa. Isso é muito claro quando estudamos as Doutrinas das Últimas Coisas.
e) Quando do seu retorno glorioso com a Igreja para estabelecer o Milênio, o Messias aguardado por Israel colocará em ação um governo de natureza político-religiosa em todos os sentidos, conforme os últimos capítulos do livro do Apocalipse.
2. Pela vida santa que possuía.
a) Intercessão, compaixão, oração e súplica são qualidades que deviam estar presente em um verdadeiro sumo sacerdote.
b) A imagem do Getsêmane (Mc 14.33-36) é bem significativa quando ao caráter de vida santa e piedosa do nosso Senhor.
c) O Senhor Jesus é o grande modelo para uma vida piedosa, santa e que se compadece do pecador. Aqui, devemos fazer uma reflexão sincera quanto ao nosso caráter de vida piedosa. Como ele se encontra? Suas aulas têm sido ungidas? Suas pregações têm sido “lógica pegando fogo”?
d) Aqui gostaria de citar um trecho do livro de um grande homem de Deus, Leonard Ravenhil: “Irmão, nós poderíamos ter a metade da capacidade intelectual que possuímos se fôssemos duas vezes mais espirituais. A pregação é uma tarefa espiritual. Um sermão gerado na mente só atinge a mente de quem o ouve. Mas gerado no coração, chega ao coração. Um pregador espiritual, sob o poder de Deus, produz mentalidade espiritual para seus ouvintes. A unção não é uma pombinha mansa esvoaçando à janela da alma do pregador; não. Pelo contrário; temos de batalhar por ela e conquistá-la. Também não é algo que se aprenda; é bênção que se obtém pela oração. Ela é o prêmio que Deus concede ao combatente da fé, que luta em oração, e consegue a vitória. E não é com piadinhas e tiradas intelectuais que se chega à vitória no púlpito, não. Essa batalha é ganha ou perdida antes mesmo de o pregador pôr os pés lá. A unção é como dinamite. Não é recebida pela imposição de mãos, nem tampouco cria mofo se o pregador for lançado numa prisão. Ela penetra e permeia a alma; abranda-a e tempera-a. E se o martelo da lógica e o fogo do zelo humano não conseguirem quebrar o coração de pedra, a unção o fará” (Por que tarda o Pleno Avivamento? Editora Betânia, p.16,17).
e) Aqui, só trocar a palavra “pregador” pelo “professor de Escola Dominical” e a urgência por uma vida piedosa e ungida faz todo sentido.

3. Pela submissão que demonstrou.
a) A vida de temor piedoso e reverente de Jesus o conduziu a suportar o sofrimento na execução da obra expiatória e vicária em favor de todo ser humano.
b) O propósito pelo qual Jesus viveu uma vida santa e piedosa aponta a superioridade do seu serviço em relação à ordem levítica. Esse propósito nos constrange também a viver uma vida de temor piedoso e reverente diante de Deus.

Síntese do tópico: Uma vida santa e submissa a Deus demonstrou o propósito da realeza divina no ministério de Jesus.

5. TÓPICO III
 UM SACERDÓCIO SUPERIOR QUANTO À IMPORTÂNCIA TEOLÓGICA

1. Uma doutrina transcendente.
a) A doutrina do sacerdócio de Cristo Jesus é transcendente. Embora contenha uma complexidade teológica, essa doutrina é essencial para o verdadeiro viver cristão.
b) Não compreender essa doutrina acarretaria inanição espiritual, imaturidade da fé.
2. Uma doutrina essencial.
a) A doutrina do sacerdócio de Cristo é o âmago da fé cristã, pois nela está fundada a doutrina do sacrifício vicário de Cristo pelos pecadores.
b) Essa doutrina nos traz substância na fé e robustez espiritual. Assim, a indolência, o desânimo e a fraqueza perdem completamente o terreno.

Síntese do tópico: A doutrina do sacerdócio de Cristo é o âmago da fé cristã. Ela nos traz robustez espiritual e substância de fé.

6. APLICAÇÃO DA LIÇÃO
1. Que o estudante dessa carta tenha consolo na alma, sabendo que Jesus Cristo, o verdadeiro sumo sacerdote, conhece a verdadeira condição humana. Ele nos conhece! Ele nos conhece!
2. Façamos o propósito, à luz do ministério de Jesus, viver uma vida santa e submissa a Deus.
3. Tenhamos a consciência de que os nossos pecados foram apagados na cruz. O sacrifício vicário de Cristo, exercido por meio de seu eterno e completo ministério sacerdotal, foi e é suficiente para apagar os nossos pecados: “dos seus pecados e iniquidade não me lembrarei mais” (Hb 10.17).




[1] Marcelo Oliveira de Oliveira é redator do Setor de Educação Cristã da CPAD; Bacharel em Teologia e Licenciado em Letras.


quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

AULA ESCRITA PARA O PROFESSOR DE ESCOLA DOMINICAL - LIÇÕES BÍBLICAS ADULTOS - EDITORA CPAD




Marcelo Oliveira de Oliveira

1. INTRODUÇÃO GERAL
Professor, professora, recobrar o conteúdo da lição anterior e recapitular brevemente lições mais remotas é um exercício pedagógico importantíssimo para o aprendizado do aluno da Escola Dominical. Tenha em mente que o seu papel na classe é o de um bom “garçom”, o indivíduo que serve ao próximo despretensiosamente. Essa imagem é importante, pois, infelizmente, muitos professores dão aulas do ponto de vista do próprio “nível de entendimento”, ignorando que o espaço da Escola Dominical, principalmente o da classe de adultos, é formado por pessoas com níveis diversificados de conhecimento e de estudo. Por isso, não faz sentido o(a) professor(a) tecer críticas tais como: “o conteúdo da lição é muito fraco”. Mas “fraco” do ponto de vista de quem? Do dele ou do aluno?

Ora, se o(a) professor(a) da Escola Dominical tem em sua classe alunos “bacharéis” em teologia, cabe a ele(a) adaptar sua aula ao nível de bacharel: linguagem acadêmica, exercícios das línguas originais na leitura bíblica e etc. Mas se a realidade da classe do(a) professor(a) não for essa, o caráter virtuoso revelado nas Sagradas Escrituras exige desse(a) professor(a), a exemplo de Jesus, que usou as parábolas como meio de comunicação popular, um compromisso espiritual em ensinar “as virtudes do céu” ao aluno com a linguagem sã e compreensível, de modo que o “douto” e o “não-douto” entendam e sejam edificados em Cristo. Portanto, o(a) professor(a) não deve perder tempo tentando transformar a classe de Escola Dominical em “faculdade teológica”. Esse senso de realidade é imprescindível para o bom ensino bíblico e, assim, evita-se uma decepção desnecessária. Vamos recapitular a lição anterior? 
Para continuar a leitura clique aqui.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

TERCEIRA AULA ESCRITA DE ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR DA ESCOLA DOMINICAL – REVISTA LIÇÕES BÍBLICAS ADULTOS



“A SUPREMACIA DE CRISTO
 LIÇÃO 3


A SUPERIORIDADE DE JESUS EM RELAÇÃO A MOISÉS

Marcelo Oliveira de Oliveira[1]


1º Trimestre de 2018

ESBOÇO DA LIÇÃO


INTRODUÇÃO
I – UMA TAREFA SUPERIOR
II – UMA AUTORIDADE SUPERIOR
III – UM DISCURSO SUPERIOR
CONCLUSÃO



PONTO CENTRAL
A carta de Hebreus revela a superioridade de Jesus em relação a Moisés quanto à tarefa, à autoridade e o discurso.

OBJETIVO GERAL
Evidenciar a superioridade de Jesus em relação ao legislador Moisés.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I. Apresentar
 a superioridade da vocação, da missão e da mediação de Jesus em relação a Moisés;
II. Exprimira autoridade maior de Jesus de em relação a Moisés;
III. Esclarecer a superioridade de Jesus em relação ao de Moisés.


1. Recapitulando a lição anterior. Prezado professor, prezada professora, sempre é importante situar o aluno no assunto novo que será introduzido. A melhor maneira de fazer isso é a partir de um processo de recordação do conteúdo dado até aqui.
Lembre-o dos destinatários da carta, ou seja, uma igreja que está certamente desanimando na fé, bem como do propósito dela: animar os crentes hebreus em perseverar na doutrina de Cristo. O aluno tem que ter sempre em mente o propósito e para quem a carta foi originalmente escrita. Esse processo é muito importante para a compreensão inteira do conteúdo da carta.
Assim, mostre que na aula passada, dando continuidade a esse propósito, vimos que a igreja é instada a ser perseverante em Cristo, porque Ele, em primeiro lugar, foi quem anunciou uma tão grande salvação (Tópico 1): anunciada pelo Senhor, depois, proclamada pelos apóstolos – “pelos que a ouviram” – e também confirmada pelo Espírito Santo com sinais, milagres, maravilhas e distribuições dos dons concedidos à Igreja. Em segundo, mostre que no Tópico 2 vimos a necessidade dessa tão grandiosa salvação revelada por meio do processo de humanização (“encarnação”) de nosso Senhor, de seu sofrimento e padecimento, bem como de sua glorificação. Por fim, vimos a eficácia desse plano da salvação no Tópico 3, pois nosso Senhor venceu o Diabo, venceu a morte e venceu a tentação, por isso, Ele nos socorre quando somos tentados.
Deixe claro que o autor de Hebreus está com a mente voltada para a importância da pessoa de Jesus Cristo. Recorde ao aluno que o argumento do escritor tem Cristo como centro desde o capítulo um (Cristo maior que os profetas [vv.1-4] e os anjos [vv.5-14]) até o capítulo dois (Cristo é quem anunciou a tão grande salvação [vv.1-18]); e continua assim no capítulo três, agora, tendo como destaque a supremacia de Cristo em relação ao legislador de Israel, Moisés.

2. Um ponto importante para ser enfatizado. Quando de sua preparação da aula, após estudar o Tópico 1 – em que o objetivo do comentarista é mostrar a tarefa de Cristo (em relação a vocação, missão e mediação) como ação superior a de Moisés – e o Tópico 2 – em que o comentário da revista preocupasse em destacar a autoridade de Cristo (que diferente de Moisés: era o Construtor, não só administrador; era o Filho, não servo; e estabeleceu uma igreja viva, não um tabernáculo) –, e antes de passar para o Tópico 3, leia e reflita sobre o seguinte texto: “O livro de Hebreus considera a possibilidade de permanecer firme na fé ou de abandoná-la como uma escolha real, que deve ser feita por cada um dos leitores; o autor ilustra as consequências da segunda opção referindo-se à destruição dos hebreus rebeldes no deserto após sua gloriosa libertação do Egito” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento, CPAD, p.1559). Esse texto o ajudará a refletir sobre a importância do terceiro tópico que versará sobre a singularidade da mensagem de Jesus e o perigo de que os crentes correm quando a ouvem, mas não atende; veem, mas não creem; começam, mas não terminam. O autor deixa claro que a possibilidade de acontecer com os crentes da presente dispensação a mesma coisa que aconteceu com o povo da dispensação anterior é real: “Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo.Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (Hb 3.12,13).

3. Para embasar melhor o argumento acima, leia esse trecho do livro do comentarista da lição. 
“O termo grego apostenai (apartar),usado aqui em Hb 3.12 é o infinitivo aoristo do verbo aphistemi, que ocorre quatorze vezes no Novo Testamento grego, significando: cair, deixar, afastar. É desse verbo que se origina a palavra apostasia. A apostasia é definida “como a rejeição deliberada de Cristo e de seus ensinamentos por parte de um cristão (Hb 10.26-29; Jo 15.22)”. A Bíblia de Estudo Harper Collins destaca que “a admoestação para ser cuidadoso (ver também 12.25) é comum no NT. Para o perigo de desviar-se, ou apostatar, veja Nm 14.9, que trata da geração do deserto, e Mt 24.10-12. Um jogo de palavras gregas ligando o desviar-se(apostenai) e o coração incrédulo (apistias)”.  Como ficará demonstrado posteriormente, há uma relação da queda da fé aqui retratada com aquela sobre a qual o autor voltará a tratar no capítulo 6.4-6 (veja apêndice no final deste livro). Adam Clarke observa oportunamente que a nossa participação na glória depende de nossa firmeza na fé até o final de nossa carreira cristã.  Jesus alertou que de dentro do coração do homem é que procedem as coisas más. “Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias” (Mt 15.19). É por isso que os cristãos necessitam de vigilância e estimular uns aos outros.”
“Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado” (v.13). O sentido do texto aqui é o de que os cristãos não permitam que seus corações sejam seduzidos pelo pecado. O autor usa o termo grego parakaleo, isto é, chamar à parte para consolar, para se referir à necessidade do encorajamento contínuo. William Barclay observa que este mesmo termo era usado por um militar para estimular as suas tropas.vi  Joseph Benson observa que alguns passos devem ser tomados para se por em prática as palavras do autor de hebreus:
(1) Uma profunda preocupação com a salvação de cada um e o crescimento na graça; (2) Sabedoria e entendimento nas coisas divinas; (3) Cuidado para que somente palavras de verdade e sobriedade sejam ditas, porque somente essas palavras serão recebidas como tendo autoridade e alcançarão os fins desejados; (4) Evitar aquelas expressões rudes e severas que expressam indelicadeza; em vez disso usar palavras brandura, compaixão, ternura e amor. Pelo menos para aqueles que estão dispostos a reconhecer a vontade de Deus; (5) Evitar falar com leviandade e sempre falar com seriedade; (6) Prestar atenção ao tempo, lugar, pessoas e ocasiões; (7) Ser exemplos para as pessoas exortadas; (8) Devemos ser incansáveis nesse dever  e exortar um ao outro diariamente. Não somente em reuniões feitas para isso, mas em todo e qualquer lugar, sempre que estivermos em companhia um do outro.[2]


4. Propostas de Aplicação:
1. Como Moisés tinha a vocação de levar o povo de Israel à Canaã terrena, Jesus tem a vocação de nos levar à Jerusalém Celestial. Esse Jesus é o parâmetro para desenvolvermos a nossa vocação no Reino de Deus.
2. Como Cristo foi o Apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, nEle somos conclamados a perseverar rumo ao destino eterno.
3. Confesse com a sua boca e confirme com a sua vida quem é Jesus Cristo.
4. Nosso Senhor é o dono da Igreja, portanto, pertencemos a Ele irrestritamente.
5. O Filho de Deus se relaciona conosco amorosamente.
6. Somos a casa da Nova Aliança.
7. Primeiro alerta: Há o perigo de ouvirmos a doutrina acima, mas vivermos indiferentes.
8. Segundo alerta: É possível vermos a verdade sobre Cristo, mas não crermos nela.
9. Terceira alerta: É possível iniciarmos uma caminhada, mas não encerrá-la.



[1] É Redator do Setor de Educação Cristã da CPAD; Bacharel em Teologia e Licenciado em Letras.
[2] Texto extraído do livro “Supremacia de Cristo”, editado pela CPAD.







sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

SEGUNDA AULA ESCRITA DA REVISTA LIÇÕES BÍBLICAS ADULTOS

“A SUPREMACIA DE CRISTO
 LIÇÃO 2
UMA SALVAÇÃO GRANDIOSA


Marcelo Oliveira de Oliveira 

1. RECAPITULANDO A LIÇÃO ANTERIOR. A paz do Senhor, caros irmãos! Como foi a semana? Espero que Cristo tenha falado a vocês ao longo desses dias. Começaremos a aula de hoje recordando o que vimos na semana passada. Quem pode mencionar um assunto importante da aula passada? Ou um aspecto do conteúdo dado?
No tópico 1 vimos questões de Autoria, Destinatário e Propósito da carta. Em relação a autoria, constatamos que não havia unanimidade já na tradição apostólica (Clemente de Roma, Clemente de Alexandria, Orígenes, Tertuliano), bem como na época da Reforma (com Martinho Lutero e João Calvino), por isso, foi melhor manter a autoria da carta sem identificação, uma atitude sábia da erudição bíblica. Quanto ao destinatário, o público é formado de cristãos judeus, localizado provavelmente próximo da região de Roma, que dava indícios de desânimo e enfraquecimento espiritual. Por isso, o propósito da carta é exortar e animar os cristãos a não retrocederem na fé.
No tópico 2, a superioridade da Palavra de Cristo em relação a dos profetas. Vimos que nosso Senhor, diferente dos profetas, é a plena revelação de Deus “nestes últimos dias”.
No tópico 3, foi destacado a superioridade de Cristo em relação aos anjos. Jesus é apresentado superior aos anjos em natureza e essência, ou seja, diferente deles, Cristo é o reflexo da glória de Deus e possui a mesma essência divina. Este assunto é muito importante para a lição de hoje.

2. INTRODUÇÃO À LIÇÃO. Qual é a importância da salvação para a sua vida? Você dá o devido valor ao assunto? Ou se encontra em certa letargia isto é, “estado de profunda e prolongada inconsciência que resulta na incapacidade de reagir e expressar emoções” e negligência diante da questão?
Como estudamos na semana passada, o autor de Hebreus estava preocupado com a vida espiritual do público a quem dirigiu sua epístola. Por isso, nesta aula, veremos que ele apresenta a Salvação como uma dádiva gloriosa, de valor incalculável. Logo, todo crente alcançado por ela deve atentar para essa dádiva com muita seriedade a fim de não “desviar” e “perder o rumo” da jornada. E, para isso, a única forma de o crente não ser “desancorado” e “lançado em alto mar” é “ancorar” o seu barco no porto seguro, Cristo Jesus.

I – UMA SALVAÇÃO GRANDIOSA  (vv.1-4)
            § - Podemos dividir o capítulo 2 de Hebreus em três blocos: vv.1-4, a grandiosa salvação anunciada por Cristo, proclamada pelos apóstolos e confirmada pelo Espírito Santo; vv.5-9, a necessidade da salvação mediante ao padecimento do Redentor; vv.10-18, a eficácia da salvação media a paixão e glorificação de Jesus.
1. TESTEMUNHADA PELO SENHOR. “Convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que já temos ouvido” (v.1), diz o autor da carta. O que “temos ouvido” é a verdade da salvação, ou seja, para essa verdade é que devemos atentar com diligência ou “com mais firmeza” (ARA) ou “mais assiduamente” (TB). A ideia aqui é a de que é preciso fazer esforço para o cristão não desviar das “verdades ouvidas” (v.1). E a que se refere essas verdades ouvidas? “À revelação de Deus em seu Filho, sobre a salvação (cf. 2.3a)”, ou seja, a doutrina da fé apostólica (ARRINGTON; STRONSTAD, 2003, p.1549). No versículo dois, o escritor introduz uma comparação entre a Antiga Aliança (intermediada pelos anjos) e a Nova Aliança mediada por Jesus Cristo. Por isso, o capítulo dois começa com a expressão “portanto” (v.1), a fim de interligá-lo ao primeiro capítulo que reflete a incomparável supremacia de Cristo em relação aos profetas e aos anjos. Estes, são criaturas inferiores a Cristo, mas assim mesmo “toda transgressão” e “desobediência” praticadas no Antigo Pacto foram retribuídas com juízo rigoroso. Ora, se nesse pacto quem quebrava os preceitos era punido, “que castigo merecia quem ultrajava a Nova Aliança, que em tudo era superior?” (Lições Bíblicas Adultos Professor, p.13).
2. PROCLAMADA PELOS QUE A OUVIRAM. A Salvação foi proclamada, em primeiro lugar, pelo Senhor Jesus. Depois “confirmada pelos que a ouviram” (v.3). A expressão “confirmada” traz a ideia de uma transmissão segura, confiável. Ora, quem transmitiu a mensagem de salvação proclamada pelo Senhor Jesus? Os apóstolos. Daí o surgimento da tradição apostólica. Embora, como tudo indica, o escritor de Hebreus não tenha sido uma testemunha ocular de Jesus, “as verdades” que ele recebeu são seguras e autênticas. Assim, “a mensagem apostólica era essencialmente a mesma Palavra de Deus” e serve como “o fundamento da nossa fé” (LBP, p.14).
3. CONFIRMADA PELO ESPÍRITO SANTO. Além de ser anunciada pelo Senhor Jesus e confirmada pelos apóstolos, a mensagem de Salvação foi confirmada pelo Espírito Santo, por intermédio dos sinais, milagres e maravilhas, e dos dons distribuídos pelo Espírito à Igreja. Isso significa que a salvação proclamada por Cristo e pelos apóstolos, bem como confirmada pelo Espírito Santo, é uma dádiva oriunda do próprio Deus e, por isso, devemos levá-la muito a sério. Por isso, a Salvação é grandiosa.

IIUMA SALVAÇÃO NECESSÁRIA (vv.5-9)
1. POR INTERMÉDIO DA HUMANIZAÇÃO DO REDENTOR. Analisamos a primeira seção de versículos do capítulo dois, vv.1-4, agora passamos a analisar a segunda seção, vv.5-9. O escritor de Hebreus faz uso do Salmo 8.4-6 para mostrar a inferioridade do homem em relação aos anjos (v.5), entretanto, a humanização de Jesus abriu o caminho para restaurar a humanidade por meio da cruz.
2. POR MEIO DO SOFRIMENTO DO REDENTOR. Não era nada fácil para um judeu a ideia de um “Messias Sofredor”. Até hoje eles têm uma visão distorcida a respeito do verdadeiro Messias. Mas o escritor continua a mostrar a partir do Salmo 8, que nos limites da condição humana, nosso Senhor foi feito “menor que os anjos” quando revelou-se como o verbo encarnado em seu ministério terreno cf. Fp 2.5-8: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz”. Porém, o objetivo era o de experimentar o sofrimento dos homens e prover a libertação deles.
3. POR INTERMÉDIO DA GLORIFICAÇÃO. Por meio desse sofrimento nosso Senhor foi “coroado de glória e de honra, […] para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos” (v.9)  cf. Fp 2.9-11: Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. Assim, o escritor finaliza a segunda seção da epístola. Ele mostra que o sofrimento de Jesus resultou em glorificação da qual somos participantes, pois Seu sofrimento era para que Ele “provasse a morte por todos”. Que benefício glorioso e inaudito nós temos em Cristo! Quando experimentarmos o sofrimento, lembremos do “peso eterno de glória” que a nossa “leve e momentânea tribulação” (2 Co 4.17) produz, pois tal comparação entre tribulação terrena e glória celestial, feita pelo apóstolo Paulo, traz consolo e ânimo para a nossa jornada diária. Por isso, a Salvação é Necessária.

III – UMA SALVAÇÃO EFICAZ (vv.10-18)
1. A VITÓRIA SOBRE O DIABO. O Diabo, nosso adversário, escraviza os homens mortos em pecado por meio de seu “Império da Morte”. Assim, o ser humano estava condenado à servidão eterna devido ao medo da morte (vv.14,15). Nesse sentido, o escritor mostra o método da grandiosa obra de Salvação: a morte de Cruz. Nosso Senhor sofreu e morreu para que, por intermédio da Cruz, o Diabo fosse destronado de seu império e, assim, tivéssemos garantida a vitória sobre o poder das trevas: E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Cl 2.15).
2. VITÓRIA SOBRE A MORTE. Por meio do pecado a morte entrou no mundo. Segundo as Escrituras, a morte é a consequência direta do pecado (Rm 6.23). Porém, em Romanos 6.23, vemos que a vida eterna é a consequência direta de Cristo, isto é, um dom gratuito de Deus. Nosso Senhor subverteu a tragédia da morte, dando-nos esperança de vida eterna (1 Co 15.54-57; 1 Ts 4.15,16). Nele, que venceu e subverteu a morte, temos a vida eterna.
3. VITÓRIA NA TENTAÇÃO. No versículo 17, pela primeira vez, aparece a expressão “sumo sacerdote”, uma imagem que aparecerá muitas vezes ao longo da carta. Ao usar essa expressão, a intenção do autor é destacar a humildade e a fidelidade de nosso Senhor no momento em que passamos pela provação da tentação. Esta nos “tenta” fazer retroceder no caminho. Tenta nos iludir a “desancorar” o nosso “barco” do porto seguro. Ao se humilhar, tomando forma de ser humano, nosso Senhor nos socorre na tentação. Assim, somos encorajados a não desistir, a não pecar, a não desviar do rumo. Cristo sabe que não é fácil. Cristo sabe que teremos tribulação. Mas Ele nos socorrerá em momento oportuno (Hb 4.16). Por isso, a salvação é eficaz.

 IV – APLICAÇÃO DA Lição
Nesta lição, vimos que (1) a seção de versículos 1-4 do capítulo 2 de Hebreus mostra que  a obra de salvação é grandiosa porque ela foi testemunhada pelo nosso Senhor, proclamada pelos apóstolos e confirmada pelo Espírito Santo. Na (2) seção vv.5-9, compreendemos que obra de salvação é necessária por intermédio da “encarnação” do Redentor, de seu sofrimento e glorificação. Por fim, (3) na seção vv.10-18 a obra de salvação é eficaz porque nosso Senhor destronou o Diabo de seu império, venceu a morte e a tentação. Assim, podemos destacar as seguintes aplicações:
1. A grandiosidade da salvação anunciada por Cristo deve nos constranger a valorizá-la.
2. A grandiosidade da salvação proclamada pelos apóstolos deve ser o fundamento da nossa fé. 
3. A grandiosidade da salvação confirmada pelo Espírito Santo deve nos constranger à disciplina espiritual e à vivência imersa no Espírito.   
4. A necessidade da salvação deve nos lembrar que somos “pó” e “cinza”.
5. A necessidade da salvação deve nos lembrar o padecimento e sofrimento de Jesus.
6. A necessidade da salvação deve nos lembrar que o nosso Senhor foi glorificado e, por isso, temos a vida eterna.
7. A eficácia da salvação nos traz segurança, pois em Cristo, o Diabo já foi vencido.
8. A eficácia da salvação nos traz esperança, pois em Cristo, a morte foi derrotada.
9. A eficácia da salvação nos traz alento na provação, pois em Cristo, somos socorridos.
10. Alegremo-nos por tão grande salvação!