quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Imagem e semelhança

Dora Kramer - O Estado de S.Paulo

Não surpreende a sem cerimônia com que o Congresso se prepara para eleger presidentes de suas duas Casas um deputado e um senador cujas trajetórias colidem com o decoro formalmente exigido para o exercício da atividade parlamentar.

A razão da naturalidade é a pior possível: o Parlamento não se dá ao respeito e isso não causa espanto nem move forças suficientes para mudar o curso da triste história.

A menos que o inesperado faça uma surpresa, daqui a duas semanas Henrique Eduardo Alves e Renan Calheiros serão os escolhidos para presidir a Câmara e o Senado, respectivamente, pelos próximos dois anos.

Ungido por força de um acordo de rodízio entre PT e PMDB firmado ainda no governo Lula, na reta final Alves está envolto em atmosfera de irregularidades relativas à destinação de emendas e verbas de representação parlamentar.

Antes, em 2002, havia sido obrigado a abrir mão da candidatura de vice-presidente da chapa de José Serra em decorrência de informações dadas pela ex-mulher, Mônica Azambuja, em processo de divórcio litigioso, sobre depósitos de R$ 15 milhões em contas sem a devida declaração, em paraísos fiscais mundo afora.

No quesito folha corrida, Calheiros quase chega a dispensar apresentação. É alvo de investigações por crime ambiental, é suspeito de comandar emissoras de rádio por meio de testas de ferro, em 2007 foi processado por falta de decoro parlamentar porque uma empreiteira pagou a pensão da filha que teve com a jornalista Mônica Veloso, na ocasião apresentou documentos fraudulentos ao Senado para comprovar rendimentos e finalmente renunciou à presidência da Casa em troca da manutenção do mandato.

A maioria dos senadores aceitou o escambo e o inocentou na votação secreta em plenário. A maioria, agora, ao que tudo indica, não vê nada demais em reconduzi-lo ao posto para cujo exercício era tido como moralmente impedido há seis anos.

Tanto tem consciência do disparate, que Calheiros é candidato na condição de sujeito oculto: ainda não se lançou oficialmente para reduzir o tempo de exposição a eventuais protestos.

Ao que se vê, no entanto, medida cautelar desnecessária, pois a despeito de resistências aqui e ali e de tentativas de apresentar candidaturas alternativas, não há disposição, interesse, força nem capacidade para reações.

E que não se culpe Henrique Alves ou Renan Calheiros por almejarem posições para as quais se exigiria o cumprimento estrito do manual da boa conduta. Ambos jogam para o futuro de suas carreiras nos Estados de origem, Rio Grande do Norte e Alagoas, territórios dominados e desprovidos de massa crítica.

O problema aí não é de quem pleiteia, mas de quem aceita de boa vontade e compactua com o pleito: governo e Congresso.

Ao Planalto pode até desconfortar o excesso de poder nas mãos do PMDB, partido de Alves e Calheiros. Mas, convenhamos, não desagrada que os dois eleitos sejam líderes feridos, sem a plenitude da credibilidade.

Já o Congresso não vota o Orçamento, defende mandatos de condenados, não examina vetos presidenciais, faz troça do instituto da CPI, deixa o governo pintar e bordar com medidas provisórias, debita na conta do contribuinte imposto de renda devido por suas excelências, só se mobiliza em defesa dos próprios privilégios, submete-se ao Executivo em troca de qualquer cafuné.

Sendo assim, nada de novo no front: Alves e Calheiros são comandantes à altura de um Parlamento em situação falimentar.

Fantasia chavista. Barack Obama tomou posse ontem de seu segundo mandato. Que diria o mundo se, doente, internado em outro país, o presidente dos Estados Unidos fosse considerado empossado em regime de continuidade com o aval da Suprema Corte sob a justificativa de que a norma constitucional é mera formalidade?

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,imagem-e-semelhanca-,987177,0.htm. Acesso 23. Jan.

COMENTÁRIO

O texto de Dora Kramer retrata o que eu falei anteriormente. O que podemos esperar de um modelo político podre como esse instalado na política brasileira?

M.O.O

Rio de Janeiro, RJ.

 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

POLÍTICA: NEM SITUAÇÃO NEM OPOSIÇÃO, EU MARCO POSIÇÃO


Prezado leitor, você cansou da paralisia política que se instaurou no Brasil? Da recusa do executivo e do legislativo de debaterem os assuntos fundamentais para a nação, sem o interesse de A ou B, mas simplesmente pelo bem estar da sociedade? Da velha dualidade da “situação pela situação” e “oposição pela oposição”? Do fisiologismo político?
Então, lhe convido para fazer parte de uma revolução virtual que vem ganhando voz desde 2011. É o movimento da Nova Política, mas conhecido como os sonháticos. São pessoas comuns, trabalhadores diversos, gente da sociedade civil que se tornaram sujeitos autorais de uma proposta nova para a política no Brasil. Dentre os membros desse movimento estão aqueles que apóiam a criação de uma nova sigla partidária e outros que preferem continuar lutando independente de uma legenda. Estou entre os que apóiam a criação de um novo partido para marcar o rompimento com o atual modelo político praticado no Brasil.
O atual modelo político brasileiro é corrupto e corruptor. Ele obriga o cidadão a procurar caminhos, no mínimo obscuro, para atingir o seu objetivo político. Ele desincentiva a discussão profunda de temas essenciais para o interesse da nação. Por exemplo, o Pré-Sal. Temos um Congresso que só quer saber do dinheiro desta riqueza nacional. Mas não há uma linha de discussão sobre a tecnologia que se usará, que empresa será parceira da Petrobrás, quanto será o investimento, para onde será direcionado o recurso do Pré-Sal — Educação, Saúde, Segurança Pública — etc. Só se fala sobre quem receberá o dinheiro.
As igrejas evangélicas também têm responsabilidades com tema. Nossos representantes são eleitos dentro deste sistema corruptor. É natural que eles pratiquem atos nada republicanos, muito menos cristãos. Penso que está na hora de pensarmos o que queremos para o Brasil e agirmos. Não podemos nos omitir. Sejamos uma voz partidária ou apartidária. Juntos, podemos e nos faremos ouvir.
Portanto, lhe convido a participar hoje, às 19hs, do encontro dos sonháticos com Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora da República. O encontro se dará na rua Fidalga, 521 – Vila Madalena, São Paulo, para quem mora na cidade. Ou através do site Nova Política —  http://novapolitica.com.br/ — com transmissão ao vivo — quem não tem cadastro no site precisará se cadastrar para assistir. A reunião entre o coletivo pró-partido e Marina Silva objetiva propor a viabilidade da criação de uma nova sigla. Participe dessa ampla construção. Convido-lhe a marcar posição. É disso que o Brasil precisa. Pessoas que se posicionem.


Paz e Bem!

M.O.O.
Rio de Janeiro, RJ.