quinta-feira, 11 de setembro de 2014

CONTRA A EXPLORAÇÃO E A OMISSÃO

Por Marcelo Oliveira de Oliveira


O amor cristão deve se manifestar em todo ambiente que demanda o relacionamento humano. Principalmente nos círculos cristãos. Naturalmente, o amor de Cristo não é nem pode ser de viés obrigatório, pois amor compelido não é verdadeiro. Este é voluntário, espontâneo e não espera de ninguém nada em troca.

O amor demonstrado por Jesus designa-nos a sermos um e somente um corpo com Ele. À luz desse amor podemos destacar alguns desdobramentos do relacionamento humano-cristão de funcionário para o patrão e de patrão para funcionário.

Enquanto funcionários de uma empresa, nossa real motivação deve ser a do respeito. Somos chamados a viver uma dimensão de serviço a Deus e também aos homens. De sorte, não há como honrar a Deus se a minha dimensão relacional com os homens de autoridade está confusa ou quebrada. É impossível viver um dualismo entre “servir a Deus” e “não servir o próximo”.

O discípulo de Jesus é outorgado a fazer o bem e a desenvolver-se no que faz, não somente por causa do patrão, mas acima de tudo por Cristo e pela autonomia da própria consciência. Aí se revela a plena realização humana! Pois patrão e funcionário têm um mesmo Senhor, não havendo favoritismo de Deus nessa relação. O mesmo Senhor auxilia o patrão e o funcionário. Fazendo de ambos, irmãos.

Ao patrão, o que pensar sobre o que a Palavra de Deus diz a respeito da tua relação com o teu funcionário? Certa feita o nosso Senhor disse que no mundo gentílico o mais forte subjugar o mais fraco era perfeitamente normal. Mas entre nós, não! Entre nós não poderia, e nem pode!, ser assim. No meio dos cristãos o amor mútuo dos irmãos é o que deveria sobrepujar. Cada qual exercerá o seu próprio papel, seja na função de patrão ou na de funcionário. Afinal de contas, hoje você é o patrão, mas amanhã poderás se tornar um funcionário.

O patrão portador de uma consciência cristã deve ao seu funcionário um tratamento digno. De um colaborador. Não o da concepção selvagem e descartável do Capitalismo onde o empregado não passa de uma peça que pode a ser descartada a qualquer momento. Mas de uma consciência do Evangelho onde o ser humano é a imagem de Deus e duas pessoas ligadas ao Pai através de Cristo são igualmente dignas. O patrão, no empreendimento; o funcionário na atividade regular. Nesta perspectiva, o funcionário é parceiro, não inimigo; o funcionário quer crescer com o empreendimento, não decrescer; o funcionário é investimento, não gasto; O funcionário é colaborador, não empregado. O empresário cristão tem ter a mente de Cristo.   

Ambos, patrões e funcionários, não podem se esquecer: “Sujeitai-vos um ao outro em amor”. A qualquer tempo e em toda dimensão profissional, seja ou não de orientação cristã.

A Epístola de Tiago é um grito do Novo Testamento contra a injustiça contra o funcionário, a exploração econômica e toda sorte de males que “os ricos deste mundo”, crentes ou não, poderiam evitar se assumissem a consciência que emana do Evangelho: a de ter fome e sede de justiça.


Texto extraído e adaptado da revista “Ensinador Cristão”, ano 15, Nº 59, CPAD, p.42.