segunda-feira, 18 de junho de 2012

RIO + 20: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, RESPONSABILIDADE DE QUEM?





A ECO 92 foi um grito para o mundo: “O Desenvolvimento Econômico deve amalgamar-se ao Sustentável”. Esse eco ressoa a quase dois mil anos através do apóstolo Paulo: “A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados. Pois ela foi submetida à inutilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra... Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto”.1 A desordem natural que o ser humano vive no mundo é um claro retrato do que o apóstolo denunciou há quase dois mil anos.
Em Junho de 1972, na cidade de Estocolmo foi sediado a Primeira Conferência Mundial sobre Homem e o Meio Ambiente.2 Ali, participaram do evento apenas dois chefes de governo: o sueco ― anfitrião ― e o primeiro ministro da Índia, Indira Gandhi.3 Era só a gestação de um embrião que seria incorporado ás consciências das pessoas duas décadas mais tarde na ECO 92: há alguma coisa de errado com a natureza; ela não vai bem e o homem precisa fazer alguma coisa.
Como seres humanos contaminados pelo pecado, destruímos sistematicamente, século após século, a criação que o Eterno nos entregou a administrarmos (Gn 2.15). É incrível que haja pessoas que pensem como se fosse normal extrair intensamente a matéria-prima da natureza sem pensar em repor. Como se a natureza fosse uma fonte inesgotável e ilimitada de recursos. Foi preciso, então, um suposto geólogo ― o astronauta Harrison Jack Schmitt ― fotografar uma “imagem de 7 de dezembro de 1972, com um ciclone em cima do Oceano Índico visível no canto superior direito, fenômeno natural que provocara enchentes e devastação na véspera”4 para que um alerta e precípua preocupação fosse “recebida com comoção e logo adotada pelos ecologistas (assim se diziam, então) como símbolo de nossa fragilidade”.5
A ECO 92 incorporou o sentimento existente naquela reunião de Estocolmo ― no mesmo ano da divulgação da foto pelo astronauta ― onde o tema ecologia tornou-se uma consciência de desenvolvimento sustentável para as pessoas. A sustentabilidade passou ser objeto de preocupação de outros chefes de estado. De dois estadistas, a ECO 92 reuniu 108. Embora essas reuniões não apresentem ações concretas por partes das autoridades, a ECO 92 trouxe uma evidência crucial: o desenvolvimento sustentável passou a ser encarado pela sociedade espontânea e individualmente.
É com esse espírito que chegamos a RIO + 20. Este evento reunirá a cúpula das Nações Unidas para uma Conferência sobre o Desenvolvimento Sustentável, cujo tema central : É possível em meio a uma crise econômica, capitalista e global, fazer crescer economicamente os países sem devorar os recursos naturais, deixando a conta para a futura geração pagar?
A consciência necessária para uma visão equilibrada das nossas responsabilidades está estabelecida. A ECO 92 e as duas décadas pós-evento, mostraram que a sustentabilidade não pode ser encarada como responsabilidades de alguns.
A RIO + 20, como a ECO 92, não terá sucesso concreto através da cúpula das Nações Unidas. Mas o que, sem dúvida, podemos esperar é a estabilização da consciência espontânea da sustentabilidade pela sociedade civil. Esta anseia por pensar o amalgama entre desenvolvimento Sustentável e Econômico numa perspectiva holística: empresários e consumidores; agricultores e ambientalistasgoverno e sociedade civil. Todos, numa mesma proporção, devem contribuir para o rumo desse novo século e milênio. A responsabilidade não é parcial, mas de todos. Afinal de contas, somos filhos do mesmo planeta chamado TERRA: a criação de Deus.


M.O.O.
Rio de Janeiro - RJ.
       
               

NOTAS

1 Romanos 8.19-22 – NVI (Nova Versão Internacional).
2 A Terra Que Queremos. Veja, São Paulo, 13 de Jun. de 2012, p.94.
3 Ibidem, p.94.
4 Ibidem.
5 Ibidem.





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