Por Marcelo
Oliveira de Oliveira
Nas
Sagradas Escrituras, algumas personagens se destacam pelo exemplo de fidelidade
a Deus, de amor e compromisso pela própria comunidade ― no caso do Antigo
Testamento, o amor deles pela família nuclear e, posteriormente, pelo clã[1].
Normalmente, elas se destacam como homens, e somente lembramos o aspecto
masculino dessas personagens nômades, esquecendo-nos de que, igualmente, as
mulheres desempenharam um papel importante junto ao povo de Deus e para a
história política, social e religiosa de Israel e, principalmente: para a
Igreja. Me refiro aos patriarcas e as
matriarcas dos tempos bíblicos:
Abraão e Sara; Isaque e Rebeca; Jacó e Raquel.
As
narrativas bíblicas desses patriarcas e matriarcas estão nos capítulos 12 a 50
do primeiro livro da Bíblia, o Gênesis. Em teologia, os estudiosos classificam “narrativas
patriarcais” às histórias dos três casais, que juntamente com os seus filhos,
formam a pré-história da nação de Israel. Antes de a nação tomar posse da terra
de Canaã, havia memórias, histórias com base na oralidade do povo ancestral
daquela geração que conquistou Canaã, contadas pelos ancestrais e reunidas por
um autor[2]
a fim de formar a história tribal mais antiga do povo de Israel; antes mesmo de
começar a viver como tribos na antiga Palestina.
Então
o que representava os principais patriarcas e matriarcas dos tempos bíblicos?
1. Abraão e Sara.
O
nome Abraão significa “pai de uma multidão”. Em Cristo ele é o nosso pai na fé
(Gl 3.6-9). É com Abraão que se inicia a história da salvação da reconciliação
de Deus com o mundo todo: a história da salvação. Exemplo de fidelidade a Deus,
Abraão partiu para uma terra desconhecida crendo na promessa. Sua grande prova
de fé foi a entrega de seu filho para ser sacrificado. Sua esposa Sara (cujo
nome significa princesa) é a mãe de uma multidão que também disse sim a
promessa de Deus, que em Cristo é a nossa mãe na fé.
2. Isaque e
Rebeca. Isaque
significa “Deus ri”. Filho de Abraão e Sara, quase foi sacrificado pelo pai. No
final de sua vida foi enganado pela sua esposa, Rebeca, e por seu filho, Jacó,
em troca da bênção da primogenitura. Rebeca lutara por Jacó, Isaque, por Esaú:
nações divididas dentro de casa.
3. Jacó e Raquel.
O
nome de Jacó significa “malandro”. Entretanto, no sul da Arábia e na Etiópia
significa “que Deus proteja”.[3]
Filho de Isaque e Rebeca, teria o nome de “malandro” devido o roubo da
primogenitura do seu irmão, Esaú. Mais tarde recebe o nome de “Israel”. A
partir de Israel, por intermédio dos seus doze filhos, começa a se “rascunhar”
o projeto de povo e nação. A fidelidade de Israel a Deus, embora passando por
provações, aponta para o nascimento de um povo. Jacó amava a sua esposa Raquel:
a nação de Israel chorou sua morte e morte dos seus filhos por séculos.
Sobre
esse trio de casais patriarcais e matriarcais, a carta aos Hebreus traz uma
concepção de fé intrigante, na contramão do que popularmente se entende por
resultados da fé no mundo evangélico:
“Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as
promessas, mas, vendo-as de longe, e crendo nelas, e abraçando-as, confessaram
que eram estrangeiros e peregrinos na terra” (11.13).
Paz
e Bem!
[1] No aspecto
antropológico, é o conjunto de famílias que se presumem ou são descendentes de
ancestrais comuns.
[2] Os mais
recentes estudos, embasados na teoria das fontes, formando uma tradição
literária nos cinco primeiros livros da Bíblia (o Pentateuco), apontam quatro
fontes principais presentes no texto contemporâneo do Pentateuco: a eloísta, a javista, a sacerdotal e a
deuteronomista. (Para conhecer mais
sobre essa tradição literária clique em As Tradições Orais do Pentateuco ― o texto é um trabalho de pesquisa apresentado à cadeira Antigo Testamento I da FATER - Faculdade de Teologia e Ciências Sociais do Recife ).
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